quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eu quis

Eu quis me dar ao teu dia,
Um dia comum,
Uma era com trago aveludado.

Quis colher com estas mãos.

As estrelas
deixaram-me a sós com a minha confissão.

Degolei os meus maiores receios,
Esgotei-lhes a força
Derrotei este rasgo impetuoso de
sombra-solidão.

Nas minhas mãos caíam lágrimas,
eram vidas,
paisagens distantes,
viagens nunca feitas,
histórias por contar...
Segredos nossos.
A nossa janela. O mundo.
Eu e tu.

Eu quis me dar ao teu dia,
Ser uma pequena parte
do que te pertence
Abrir a porta de quando em vez,
Ser gentil, saudar-te.

Quis humanamente não ser tua,
mas fazer-te arte,
apoderar-me do fim,
fazer de ti, um recomeço.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

*

Quando encosto assolada, os ombros nos ponteiros, verdade é que tacitamente me desfiam o destino, não sei bem porquê, mas prefiro recordar futuros que se vão avançando num acordo mútuo com o tempo e esqueço este tic-tac de impotência gerada ao segundo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Noção nº1

Deixa-me dizer o que não posso
Colher frases que não devo
Reconhecer os meus erros
Ser subtil ao insulto
Deixa-me de propósito
Por interesse
Magoar os muros que são altos
Ser inteira neste dia
E devagar dormir de repente
Deixa que te conte, desabafando
Que me incomodo
Com o silêncio
Discuto nas tertulias de poesia
E não respeito
Porque sou diferente
Deixa-me se calhar
Porque deliberadamente sou gente
Humana por acaso
E mulher intencional

Deixa-me de parte
Nesta parte do momento
Urge que os meus sentidos
Se sintam no espaço que se segue.