hoje não há chão
há pegadas, caminhos sem volta
há cansaço sem o silente motivo de voltar
hoje é verdade amanhã não
vinculos de concórdia se mutilam
em cravos de uma outrora em que persistimos
hoje somos uma mentira subdividida
uma inconclusiva mistura que evidencia terramotos
ou sem ser, somos parte que locomove
vastos são aqueles que sabem o ponto certo do nosso caminhar
e a rosa dos ventos que nos confunde
hoje somos rácios de cansaços
uma crença incolor deveras salivada
uma trémula exactidão de musgos da alma
ingenuidade de quem acredita
que as altas muralhas de fogo
nos ressuscitam do lodo firme em que nos tornamos
esta maré ovalizada de mentiras inconsoláveis
uma maré triste, na alba turva do meu regaço
hoje não quero querer
tu tens que querer, eu não
hoje só cansaço uma vez mais
de infinda tentativa, como que eterna
de sentir o vento à volta das nossas cinturas
e um encosto fácil, curvilíneo nos denunciasse...
as calhas da nossa paixão formam engonho
nestes sentimentos desleais
e este cheiro urbano cheio de turbinas e motores
e cheios de nós em ruelas,
becos sem saida
janelas pares e vidros que estalam cedo a crassa madrugada!...
depois de tudo, sobe entre estes céus,
que nos abrigam do sangue das chuvas crepusculares
e os meteoritos falham miras de um peito até ao outro
hoje tudo isto faz sentido
eu faço sentido e tu não...
cálculo que compreendes as minhas visceras
uma fraqueza que o tempo fez prosperar
sei por defeito de inverdades
que me torno frágil
nestas horas vadias em que solo sou, desterro do nada
hoje tudo avança para um passado que me barra
com forças cáusticas marcos volateis de uma sombra de mim
não cabe na mão este sentimento...
eles entendem-nos no erro peninsular
confinam-nos dentro de caixas sobrepostas
mostram quem manda neste reino de ninguém
este hoje custa-me a acreditar que o é
entre tanta coisa
mais um dia que cresci
com os dedos sobrepostos quase que inverto o destino
e estes meteoritos de calhas e de hoje e de nós...
hoje finalmente acabo um suposto começo
insalubre e doentio
não consta atestar que assim é
apenas redondo, vai finando...
segunda-feira, 29 de março de 2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
Estilhaços
Seguiu o silêncio, num murmúrio de lágrimas
Sentiu no rosto o afecto cego pela doutrina
De certa forma não vira que no seu estado
O mais fácil seria voltar para o seu mundo...
Ninguém o tinha avisado que subir... seria descer mais baixo...
Sentiu no rosto o afecto cego pela doutrina
De certa forma não vira que no seu estado
O mais fácil seria voltar para o seu mundo...
Ninguém o tinha avisado que subir... seria descer mais baixo...
segunda-feira, 15 de março de 2010
Contar sem querer
Davam dias aos meus dias e eu considerava-me louca
Não só destemida como feroz
Segui o virus que consternou o sigílio fácil que tudo amarra em si
De repente virei de costas para uma história diferente e andei ao contrário
Agora sim, o rumo certo.
Não só destemida como feroz
Segui o virus que consternou o sigílio fácil que tudo amarra em si
De repente virei de costas para uma história diferente e andei ao contrário
Agora sim, o rumo certo.
segunda-feira, 1 de março de 2010
Começo onde tudo termina
Onde a manhã se esconde
E as aves falam em segredo
Começo de repente com o pulsar do sangue
E vou e esvaio e sou inteira
Vou no colo da mãe-coragem
E guerreira do meu ser
De volta do meu mundo, o meu corpo
Ergo o punho que me sustenta as marcas
Ergo-me com ele
Sinto-me finalmente de volta à história que comecei a escrever.
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