terça-feira, 24 de maio de 2011

A ti...

Os golpes do mundo
uma melancolia que invade
a pedra seca a incendiar as minhas poeiras
a alma da loucura
prendeu na mão, a memória

o tempo bate no mesmo olhar
é silêncio
deixar suspenso
o efeito da eternidade
o peito queimado por amor

para longe do que amamos,
o repouso, o vento
uma canção.*

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A.M.O.R.

falaremos sem intenções escondidas
um suposto amor que nos dança
vou olhar-te por detrás da iris salúbre
vamos viver devagar tudo o que temos
tardes avançarão sobre nós
os medos soltarão um sono feroz
nada será implantado para além do que queremos
amor...
quando entrar,
entre dedos e sopros,
dentro da pele e tropeçar nos sentidos,
atordoará...
o amor é, quando estamos mais de perto
um ideal sem ideais,
um amor dos outros ou nosso,
aquele que nos dita sem nos tocar,
mas nasce sempre por dentro de quem ama...
amor?
um dia voltaremos a esta valsa
vezes em contas inaudíveis...
subsistirá porque somos nós no breu das comtemplações!

O Velho

Foto de Al Berto by Anonymous
Vago entrave
A corsa que esguia se vai
No mar e o rosto nos trai
Agora aceno a ti
Por entre mágoas que nos lavam as garras
E são as coisas raras na virtude de ser

Os nossos peitos prescutam na respiração

Diz o velho:
A caravela é quimera
O nosso tempo foi deveras e um Deus nos criou
Para lá do simples querer
Porque somos indigentes, nas gentes de não saber
Que libertar seria perder
Somos agulhas de um sonho
Salvos pelo bombo
Um bater por bater
E esta deambulação, diz o velho, que não é nossa não
Que esta fé, é um hino sem nação

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Onde pára o coração

*foto by Bruno CC*
Sempre que quiseres voltar de novo
e achares que fazemos bem,
tudo bem, eu estou aqui!...
Eu não sei, quantas vezes voltaremos a emergir...

e se surgir um desejo?...um ensejo?

Às vezes cai para o lado de cá

Onde pára o coração...
Às vezes cai para o lado de cá


Não há mais verdade sem noção

E se o vento não mudar?...
Talvez nos perca o tempo sem pensar...
Deixamos de existir e sem ver

Deixamos de querer...resistir...





terça-feira, 1 de março de 2011

Auto-retrato

tropeço de pés despassarados
o pensamento revive
o passado no futuro
os caracóis descoordenados
deambulam no vento da manhã
nos braços trago as marcas
do que digo de mim
o rosto espelha sempre o mesmo olhar,
o mesmo voltar
a gargalhada extrai de mim
o grito contrito
numa saída descontraída
digo o disparate perfeito
não rejeito quem não me vê
não sou mais nem menos do que me represento
sou uma casa minha
de segredos com seguro
a vida à volta da sombra
que o futuro suga do desconhecido
deixei-me em aviso de porta
e consigo ir sem partir de vez.










sábado, 5 de fevereiro de 2011

Só um bocado de piso,
um pouco de vento
e aquele instante.
Só duas mãos,
o paladar
e o riso fácil da febre de querer.
Só o espaço,
corpo a corpo,
um amor combate,
a noite despida.
Só as respirações a contratempo,
cortinas esvoaçantes, 
uma plateia de ninguém
e o ímpeto de nós.
Só mais um dia, pedíamos...Só...















quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Podemos falar?

Não estou cego
traço-me a tinta escura
na cumplicidade de um riso
podia tornar-me um vício
um zumbido interior
aquele que não aprendeu a ler o corpo
a insónia em forma de cicatriz

a pouco e pouco
o tempo desafia-se no vidro
há filões de águas nos braços do abraço
o coração bateu no centro da terra
e crescem os voos das aves
na minha palavra

não me esqueci de viver
onde outros se perdem na paixão
será sagrado presságio de gardénias.
a ausência dos teus braços
é o encontro da minha pele.

falo o possível
neste dia de toda a gente
porque acordo onde todos dormem
no ínfimo espaço da eternidade
um surto na noite adiante
um silêncio obsessivo
a forma daquele coração.